13.2.08

LAMENTO

A voz, desentoada, prenuncia o lamento. O violão, desesperado, corre atrás. Que agonia! A voz, constrangida, acelera, busca, sofre. E o que vejo é desencontro. Voz e violão, na ânsia de se encontrarem, fogem um do outro, e, em cada canto, se distanciam mais e mais.Mudo de foco. No desencontro você não está, e, se, não está na melodia, quem sabe...
Procuro você nos gestos, mas os gestos, noutro compasso, ofuscam o brilho da sua presença e, neles, não encontro seu afago. Meus olhos se cansam, mas não desisto, porque você está lá. Acredito.
Procuro você na palavra. Essa não falha. Mas não, não encontro. Tampouco encontro a palavra. O que escuto me angustia pois o que ouço fala de vida mas, nos gestos, escuto morte. E, você, que é vida, não está lá.
Volto prá casa entristecida, com os ouvidos doendo, os olhos cansados e o coração ansioso para escutar uma palavra.
Não, uma palavra não. Preciso escutar o que me falta. Quero enxergar-te em tom maior, e, de novo, escutar nos seus olhos, a harmonia que tanto procuro.

18 comentários:

Vicktor Reis disse...

Querida Jacinta
A eterna busca da harmonia que um dia sempre acaba por ser encontrada.
Beijinhos.

Lunna Guedes disse...

Passando para levar um pouco desse perfume e dessa suavidade comigo. Lindo poema do Drummond mais abaixo. Que bom seria se a vida fosse apenas flores...

DE-PROPOSITO disse...

Procuro você em todos os lugares, em todos os cantos
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Quando procuramos algo, é porque sabemos que existe. No entanto, isso não significa que possamos encontrar.
Fica bem.
E a felicidade por aí.
Manuel

Anônimo disse...

Todos um dia encontraremos essa harmonia, se o desejarmos do fundo do coração!

Lindo texto!

fjunior disse...

nunca pensei neste desencontro entre letra e música... talvez seja este pedaço que falta que torna tu tão assim como é... a música tem algo de mágico... algo que eleva a alma...

Anônimo disse...

O engraçado é que sempre visito o seu blog por último, depois de conferir as notícias e críticas de cinema. Aí chego aqui e me deparo com textos sempre tão bacanas... me faz bem vir aqui e divagar um pouco a cerca desses poemas, imagens, textos... valeu!

Anônimo disse...

"escutar nos seus olhos"??? que coisa linda, Jacinta! muito belo. gostei dos versos - sumi alguns dias, mas estou voltando.

um beijo!

. fina flor . disse...

talvez esse seja o nosso maior erro, né?! procurar harmonia no olhar do outro e não dentro da gente mesmo ;-)

beijos, querida e obrigada por sua gentil visita! saiba que é bem vinda por lá

MM.

Leandro Jardim disse...

uma harmonia
que começa com ar
interrompido por um "H"

lirismo intenso
abs
Jardim

John Doe disse...

nada que eu comente aqui pode explicar o que senti lendo seu texto...

obrigado...

Anônimo disse...

oi, obrigada pela visita. muito legal o seu blog. um abraço.

*andorinharos@ disse...

Jacinta,
Você é de uma delicadeza sem limites. Você me surpreende com suas visitas e me surpreende aqui neste conjunto de raridades expressas em palavras bem talhadas, que detalham a vida... lembro de um poema antigo em que meu pinho, violão, me auxiliava a chorar um canto, ou cantar um chorinho...Muito bom poder vir aqui.
beijos.

Lau Siqueira disse...

Mais do que agradecer por ter me achado, agrade�o por vc ter me permitido encontr�la
Um beijo!
Lau

Marco disse...

Olá, Jacinta.
Muito obrigado por sua visita ao meu guarda-louças de velhas emoções. Vim retribuir e ler seus ótimos poemas. Gostei muito, especialmente deste "Lamento". Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.

Madalena Barranco disse...

Querida Jacinta, seu poema "Lamento" é antes uma canção de amor atenta à janela aberta de um coração. Lindo!! Beijos.

Gi disse...

Tanto que os olhos perscrutam e por vezes basta fechar os olhos e olhar para dentro. É lá que se encontram todas as respostas.

Um beijo, gostei das suas palavras. Noite feliz

APPedrosa disse...

Que foto linda, onde é?
beijo

Friendlyone disse...

Violão e voz são coisas divinas. Como é que um acorde pode dizer tanto? E como um sequência embala pensamentos, idéias e preenche vazios. Uma hora acabamos encontrando um sequência singular e tocamos pra tocar.