Foto: Renata Bonfim
Quando eu morrer, verei o avesso do mundo.
O outro lado, além do pássaro, da montanha, do poente.
O significado verdadeiro, pronto para ser decodificado.
O que nunca fez sentido, fará sentido,
o que era incompreensível, será compreendido.
-Mas, e se o mundo não tiver avesso?
Se o sabiá na palmeira não for um signo,
mas apenas um sabiá na palmeira?
Se a seqüência de noites e dias não fizer sentindo
e nessa terra não houver nada, apenas terra?
Mesmo se assim for, restará uma palavra
despertada por lábios agonizantes,
mensageira incansável que corre e corta
campos interestelares, corta galáxias que giram,
e clama, reclama, grita.
Czeslaw Milozs
O significado verdadeiro, pronto para ser decodificado.
O que nunca fez sentido, fará sentido,
o que era incompreensível, será compreendido.
-Mas, e se o mundo não tiver avesso?
Se o sabiá na palmeira não for um signo,
mas apenas um sabiá na palmeira?
Se a seqüência de noites e dias não fizer sentindo
e nessa terra não houver nada, apenas terra?
Mesmo se assim for, restará uma palavra
despertada por lábios agonizantes,
mensageira incansável que corre e corta
campos interestelares, corta galáxias que giram,
e clama, reclama, grita.
Czeslaw Milozs
16 comentários:
salve, jacinta, que seu texto, a cada escrita, se enraíza, rozomaticamente, pelos cinco mil sentidos, a nos dizer que a morte orgânica-individual, é apenas uma forma de ressuscitar, em outros seres.
b
luis
Ei Jacinta,
não conheço o autor desse lindo poema mas, sinto-me presenteada pela bela escolha que você faz nesse domingo.
Lendo-o, deixo os pensamentos voarem por aí, e penso que o sentido está aqui mesmo na realidade. Cabe a cada um dar o melhor significado para o que se vive e se vê diante dos olhos. O depois da morte agente deixa para Deus explicar.
Um abraço
Cris
Quando eu morrer..ahhh...que esse dia possa fazer sentido...pois alguma coisa há de ficar, se é que realmente vamos para algum lugar, se não há avesso, há de ter algum lugar...bom domingo...e bom início de semana...bela escolha...
Lindo o poema e a foto... Magnífico conjunto, de extrema sensibilidade.
Mil beijos
Vim me inspirar por aqui e encontro este belíssimo poema e uma foto linda...
mas eu já acho que esta vida que conhecemos é que é o avesso de uma outra, como se estivéssemos dentro de um grande útero e que a morte seria o parto definitivo... ou seja, morrer é o verdadeiro nascer.
beijos querida, parabéns pelo post.
Por quanto tempo vamos separar os lados? A gente acaba se separando também... Deixando pendências. É a curiosidade que é forte e fala alto. Quem sabe um dia acharemos as respostas!
Há braços!
:-)))
Querida Jacinta, quantas palavras se fazem presentes às promessas de quando nos formos? Belo poema de Milozs. Beijos e uma ótima semana para você.
Sabe, estava aqui a ouvir a chuva e de repente me perdi numa manhã de sol com canto de pássaros. Quando eu morrer quero apenas um último olhar e ser capaz de entendê-lo. Nada mais.
Abraços meus e boa semana a sua gentil alma.
Sempre "restará uma palavra" que transmitirá a mensagem de que há vida... e que a vida é intensa "mensageira incansável que corre"
Adorei!
Bjinhos e boa semana.
Jacinta,
seu blog está cada vez mais bonito, com flores suaves que inspiram alegria. Que bom.
Gostei desse poema. Parece que o poeta acertou em cheio, abrangendo uma angústia de muitos, a busca humana por ver sentido em sua vida.
Beijos
Edvane
É uma busca eterna, Jacira.
Beijo e flores perfumadas pra você.
Desculpe, Jacinta, troquei teu nome com o de uma outra amiga.
Não fique zangada!
Beijo.
Fantástico este texto!
Muito bonito. sempre restará poesia.
A eterna dúvida, o que haverá no avesso do mundo?
Bela escolha, bom de ler e degustar significados.
Parabéns pelo blog.
Um abraço.
Que haja sempre algo prestes a nos virar pelo avesso, a virar poesia pelos teus sentidos. Parabéns. Vc é ótima e é sempre ótimo te ler. Beijos.
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