26.2.09

ESTRANHO-ME

Agradecidas à água, as paredes – que o forte sol cobriu durante todo o dia – liberam o vapor que as sufocam, preparando-se para um refresco durante a madrugada. Em mim, os pingos da chuva aumentam a experiência de solidão em noite confusa, com trovões e medo, na rua silenciosa em que até o vento se intimida. Tudo parado, em nuvens carregadas sobre a minha inquietação do querer saber e não entender porque não sei. Quanto tempo fiquei adormecida até chegar ao estágio que hoje sou? Morrer, quantas vezes será preciso? Sei que posso me fazer semente e ficar quietinha, esperando o bom tempo, mas e se o bom tempo o chegar? Estranho-me.
Sangra-me, na alma, o que meu coração escuta de insanidades brotando por todos os lados.

Fala-se na Paz.
...
Cansam-me os discursos.

17 comentários:

Osvaldo disse...

Oi, Jacinta;
Ups,... Ufff... Acabei de ler e ainda estou "atordoado" com tanta beleza aqui cultivada e de belas semente brotada...
Não te estranhes, "minina", foste bem tu que brotou cá pra fora toda essa torrente poética de medos, inquietaçõs e desesperança no futuro...
Olha o futuro é hoje, o presente já passou e o passado está guardado nas bibliotecas da vida. Por tudo isso, com teus medos, receios e inquietudes esquece o presente passado e vive o presente futuro...
bjs
Osvaldo

dácio jaegger disse...

oA Jacinta que eu conheço constrói frases e textos bonitos, filosofa lindamente e me traz admiração, e nos seus devaneios viaja nas cores e nos odores da beleza intrínseca do selvagem cacto, este ser tão necessário de proteção. Enquanto menina se pergunta atônita: Para onde vais, meu irmão querido? Mas que quer só por hoje, portas internas abertas... Vejo razão quando clama seu cansaço sobre os discursos sobre a PAZ, que paz?
Boa a paz de seu interior, mesmo que inquieta nas suas razões cantadas em prosa e verso. Beijus

Anônimo disse...

Jacinta, minha querida companheira! Estranhar-se sempre, é o que te desejo. Pois através do estranhamento vc vai se descobrindo e nos oferecendo textos lindos como este!
Obrigada pelo seu carinho, obrigada por fazer parte da minha vida, viu? E vou usar tb Rubem Alves pra dizer que "Toda alma é uma música que toca". A sua toca em todos os tons!
Beijo, querida!

Eu disse...

Espero que o tempo cure todas as feridas...

Beijo

Francisco Sobreira disse...

Mais um belo texto, Jacinta. Admirável como em textos concisos, você consegue dizer o essencial. Neste, a fúria da natureza a faz questionar-se sobre o íntimo do seu ser. Aproveito para agradecer a informação sobre a foto. Um beijo.

Thiago disse...

o velho teste de quantas vidas nós temos :)

um abraço.

Anônimo disse...

Jacinta!

Belíssimo o teu texto! Mente inquieta interrogando-se durante uma explosão da natureza, que normalmente intimida e entorpece os pensamentos. Menos os teus, sempre atentos... e à procura da paz.

Beijos.

Cris disse...

Oi, Jacinta,

Passando hoje sem discursos. Apenas para te deixar um beijo.

Bom fim de semana, querida.

Ana Lúcia. disse...

Jajá!
Tá tão lindo esse seu "desabafo", essa sua "vontade", que admirar cada pensamento é aqui, hoje, o melhor e mais sensível "discurso"...
Sangramos pelo que perdemos, pelo que desejamos, por tudo o que nos escorre por entre os dedos singelos das mãos...
É a vida, é o querer, é o aprender...
É a beleza esperando ser reconhecida;
É o corpo esperando ser correspondido;
É o coração gritando: eu amo aprender a viver...
Deixo aqui um beijãozinho, PAZ! Sorrisos! Vida!!

lula eurico disse...

Belíssima reflexão. Muita paz!

dade amorim disse...

Alguma coisa sempre morre em nós a cada dia, e é preciso reflorescer.
Um beijo e ótimo domingo pra você.

Anônimo disse...

Jacinta, esse seu espaço fica a cada dia mais bonito. Gosto da variação de flores no cabeçalho. Vai dando idéia do astral do blog. As cores, também, estão sempre muito alegres.
Um abraço

eder ribeiro disse...

Jacinta o bom da vida é "morrer" todas as noites e "reviver" ao amanhecer novo, mesmo que seja para ser o mesmo. Bjos.

Carla disse...

Mais do que falar, é preciso AGIR em prol da paz. Encaro o seu texto como uma linda ação nesse sentido.

Bjos

John Doe disse...

E quem ainda pode com os discursos de paz a custo de tanta guerra.

[ rod ] ® disse...

Somos severos ao pensar que estranhos seremos ao nos reencontrarmos... somos bobos, pois tudo faz parte do que um dia inconsciente fomos.

Bjs moça,












Novo Dogma:
maRcas...


dogMas...
dos atos, fatos e mitos...

http://do-gmas.blogspot.com/

Oliver Pickwick disse...

Sê semente, pois. Semente também é causa, portanto, que esta seja o motivo da sua revolução.
Um beijo!