26.4.09

AI QUE PREGUIÇA: QUERO COLO


Ando assim...

Meio preguiçosa, percebendo lentidão por onde passo. Minha mãe diz que é o efeito rebote da dengue. Surpreendo-me com a palavra rebote pronunciada por ela – foram dias sonolentos, com ingestão de muito líquido (água pura, água de coco e o refrigerante mais conhecido), inhame, presença de mãe no quarto, em plena madrugada, encostando seu resto ao meu para medir a febre. (É, minha mãe não usa o termômetro, pois confia mais no toque da pele de mãe ao filho), e mimo, muito mimo. Emagreci um pouco – ai que bom! A febre passou, a fome voltou dobrada, já engordei o que emagreci... mas, estou assim: Com preguiça para pensar, preguiça para escrever, preguiça para sentir. Passando na rua, vejo a imensa fila em frente ao Posto de Saúde e sinto vontade de voltar depressa para casa, esconder-me na cama e não me incomodar com a visão de tanta gente doente – doente por causa do mosquito – credo! Enquanto isso, vida passando, e, com ela bons e maus encontros. Se é preciso ir, eu vou. A comunidade está bem próxima da minha casa, posso ir a pé, trocando figurinha com a “Nona. O encontro com as crianças e adolescentes de lá são sempre bons. Eles nos esperam, com ansiedade, uma vez por semana , no seu lugar. Lugar de muita pobreza e episódios constantes com a presença da representação do Estado correndo atrás de homens em débito com a Lei. Meu Deus! O bom encontro terminou. Os meninos e meninas precisam chegar logo. A rua está tumultuada. Mais uma fuga, gritaria e correria de homens e mulheres, crianças curiosas, tiros – e eu, reencontrando força e calma, num sossego inesperado, esperando o caos passar. A “nona”, aflita, apropria-se da intimidade de freira, e, trêmula, conforta-me na voz que invoca os anjos para nos proteger. Eu, logo eu, ansiosa e medrosa, encontro serenidade para perceber a melhor hora de voltar para casa com “segurança”. O mau encontro passou por nós. Meu Deus!

...

Ai que indignação: No noticiário, a constatação do que já era esperado - Aquele que negociava sentenças recebeu seu castigo – aposentou-se.

Ai que medo: Aqueles que fugiram da cadeia – estão por aí.

Ai que preguiça.

Quero colo.


17 comentários:

Miguel S. G. Chammas disse...

Amiga, espero que os efeitos (ou será defeitos?)da dengue sejam totalmentesuperados e, ent]ao, se quiser, continue fazendo dengo.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDA JACINTA, BELO POTS... SIMPLESMENTE SUBLIME... ABRAÇOS DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA

Theo G. Alves disse...

já já tudo tranquilo de novo... bom texto e bom restabelecimento.

abraço!!

yuri assis disse...

melhoras pra você, jacinta.
o curso tem lá seus defeitos mas é satisfatório. espero ter outra impressão com o passar dos períodos.

beijo

Jens disse...

Oi Jacinta.
A dengue te deixou dengosa (ai, esta doeu! Sorry), hehehe...
Uma preguiça básica, pós-enfermidade, é normal. Mas não esqueça, a vida continua pulsando. Bom que você está ok.

Jens disse...

Esqueci: beijo.

Dora disse...

Querida Jacinta. Essa preguiça escreveu um post dolente...rs, mas cheio de graça e "manha"!
Que a vitalidade retorne logo, sim. Mas, se depender da escrita, a "preguiça" lhe dita textos bem saborosos!
Beijos.
Dora

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, amiga.

Estou aqui com um folder da peça do Ariano Suassuna - A Farsa da boa preguiça e leio teu post confessional...

Tens alguns alibis.
Primeiro estás dodoi ainda.
depois uma preguiça aos domingos sempre é bem chegada.
E para além de tudo isto,
pessoas muito auto exigentes precisam mesmo descansar.

Desejo que se recupere totalmente.

Carinho,

Mai

Osvaldo disse...

Oi, Jacinta;

Estás doente ?!... Não, não acredito. Quem escreve uma maravilhosa crónica como esta não deverá delirar.

Continuas formidável e a nos prender por aqui e onde venho com muito prazer...

bjs
Osvaldo

Madalena Barranco disse...

Oh, Jacinta, sinto muito pela dengue... E ao mesmo tempo fico feliz por saber que já está melhor.

Em seu texto nota-se com perfeição o estado de lentidão provocado pela dengue. Boa prosa!

Beijos, com carinho, Madá

Claudinha ੴ disse...

Menina!!! Não sabia! Espero que tudo já esteja normalizado, mas vejo que o bom humor toma conta de você e isto só faz bem, só faz curar mais rápido!
Beijos!

:.tossan® disse...

Que tudo volte ao normal o teu texto é muito bom! Bj

Dauri Batisti disse...

Linda crônica Jacinta, linda. Assim, simples, bem escrita, fluindo como o rio lá de São Mateus, o Cricaré.

Sol, lindo girassol, muito sol pra você.

Beijo.

Canto da Boca disse...

Eu sou catedrática na temática: dengue! Já tive inclusive dengue hemorrágica ("denguei" 3 vezes), mas cá estou firme, forte. Que a dengue se vá, mas que te mantenhas dengosa, risos.

Além do colo, quero me esparramar nesse canteiro de girassóis, que bela imagem, Jacinta!
Um beijinho!
;)

loba disse...

menina, menina! então estava dengosa? ai que dó!
sabe, fico injuriada com esta dengue viu? é tão absurdo que a falta de cuidados de alguns (e aqui incluo governos e população) se reflita desta forma em outros, né?
mas que bom que já passou! agora é continuar nos encontros que estes nos levam sempre pra cima!
beijo, queridinha!

Francisco Dantas disse...

Jacinta, que bom tenha superado essa fase de doença que, realmente, deixa qualquer dantas acabrunhado, sem coragem, lutando por se livrar de tanto desconforto, de tanta moleza, e nos dar um texto deveras bem elaborado. Grande abraço.

Ana Lúcia. disse...

JáJá!!
A dengue foi uma inspiração maravilhosa!
Gostei tanto!
Fiquei manhosa,
meio quente, quero cama, chocolate, pipoca,
filme engraçado, chamam de comédia...
Gostei destsa visita,
foi virtual,
deixei a dengue aqui,
levo o dengo comigo...
Beijãozinho e aquele abração paertadinho, e com "máscara"...
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk