Adornada por lindas mangueiras e cheiro de alfazema que proporciona o frescor nas tardes ensolaradas, a rocha tem no seu campo de visão, o trajeto de momento ideal à frenética dança dos tijolos. Nas paredes, a marca de mãos talhadas e calejadas. No cerne, a vivência de tantos que nela se fazem criança, jovem, adulto, velho, em inesquecíveis momentos de celebração, da festa do nascimento ao luto da partida. Aos pés do rochedo, uma balzaquiana que já passou por tantas modificações, e continua se (re) organizando interna e externamente, tornando-se bonita e aconchegante. Agora, a outrora menina, percorrendo o seu interior, lembra-se da voz emocionada na sua inauguração, do brilho nos olhos ao sentir a beleza dos vitrais no vão central, o aconchego da celebração à meia luz em meio à "plantação de corações", a música... o consolo no adeus ao pai. Percebe que, em novos tempos, toda clarinha, ela continua fazendo história, contando história, e, o mais importante: Ele, com sua presença incondicional, é a “Flor da Flor”. Flor que se percebe nos passos que por ela passam, na voz que louva, pede e agradece, no olhar de menina e nos olhos que, do alto da pedra, velam o silêncio da noite e, às 07 da manhã, no corpo cansado do labor noturno, comanda uma flexão de joelhos sincronizada com o sinal da cruz, reverenciando o lugar que acolhe gente e pode ser espaço de entendimento, aceitação e convivência com as surpresas cíclicas do viver. Agora, a menina entende que o viver exige que se desconstrua para construir, às vezes do marco zero, um lugar novo para se reencontrar.
"Flor da Flor" - expressão bonita que escutei de um amigo. Gosto e intitulo esse texto que complementa os textos momento ideal e a frenética dança dos tijolos
Foto: Kenji Okimura
9 comentários:
A flor é lindíssima.
Do marco zero ou de outro marco qualquer, a nossa vida é uma reconstrução permanente.
Gostei imenso do seu texto.
Bom resto de Domingo.
Beijos.
A natureza nos ensina que a desconstrução, muitas vezes, é necessária para se (re)construir a vida.
Bjos
E assim, desconstruindo para reconstruir, vamos seguindo os caminhos, nem sempre conhecidos, de uma vida em permanente movimento e aprendizado.
Belíssimas palavras, belíssimas flores.
Beijo apertadinho.
Beleza de texto Jacinta.Reconstruir é sempre o caminho dos bravos.
Oi Jacinta.
Pra você, os versos de Estaca Zero, canção de Ednardo, que, acredito, se harmozinam com o espírito poético saudoso e renovador do teu texto.
"Cada braça de caminho
Um soluço de saudade
Toda vereda de roça
Vai descambar na cidade
E a gente fica sereno
Desconhecendo o destino
E com um sorriso besta
De quem sabe onde chegar
Em cada prédio ou palmeira
Luz de neon ou luar
Elevador, capoeira
A gente vai se assustar
Mas faz de conta que sabe
Que tem um canto da estrada
Chamado estaca zero
Onde a gente pode dizer
O rumo que quer tomar"
Um beijo.
Ops, harmonizam. Sorry.
Oi, Jacinta,
Ninguém deveria fugir da desconstrução.Passei por algumas.Graças a Deus...
Beijo, querida
Refloresço ao te ler.
Abraçamigo e fra/terno.
Olá, Jacinta!
O bom da vida, entre outras coisas é este recomeçar constante, típico de nós, seres humanos que temos o instinto da sobrevivência..Temos a inteligência que Deus outorgou ao homem para nos fazer raciocinar e progredir.
É muito bom qundo usamos desta força e resconsruimos a vida, através ds caminhos igualmente refeitos pela experiência, não é mesmo?!
Muito bom seu texto.
Muita paz! Beijosssssss
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